sábado, maio 23, 2009

depende da luz




todas as noites são noites de estreia - trip
encenação de manuel neiva
fotos de margarida silva, 2005

mas se já aprendemos a criar beleza, cada prova servirá apenas para o demonstrar. não há que ter medo, continua a existir demasiado oceano e um excedente de motivos para ir sorrindo. apesar dos outros motivos. a beleza supera isto tudo, a prova é volátil, o segredo de criar é o que te distingue
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domingo, maio 10, 2009

ndengue

quando uma criança olha uma árvore caída, aparece um vermelhão sob os olhos e torna-se urgente um era uma vez. essa uma criança, de grandeza tal que se esconde entre os ramos, pode sonhar

era uma vez uma folha que voava muito. fazia muitas cócegas a um menino, ou pelo menos ele ria-se muito sempre que via a folha voar. enquanto foi pequenino, continuou a rir - mas quando cresceu mais que dois ramos, fez birra por não conseguir voar com a folha. não aguentou o vermelhão e chorou mesmo a sério. queria muito voar. a folha não lhe sussurrou o segredo e, num momento de maior mágoa, arrancou-a. aí fez silêncio. não percebeu se a árvore chorou, mas pegou na folha e escreveu

as poucas palavras que sei nunca cabem em lado nenhum.

outros meninos estavam escondidos entre ramos de outras árvores. foram àquela árvore e cada um arrancou a folha que melhor voava aos seus olhos. só que não sabiam escrever como o outro menino. fizeram uns riscos, como fazem nos desenhos japoneses, e juntaram as folhas todas. agora tinham folhas a esconder as mãos pequeninas, mas as cócegas eram diferentes; se as folhas voassem iriam para mais longe, talvez longe dos olhos. porém, quando as juntaram, criaram outra estória.

depois a árvore caiu.



centro galego de arte contemporánea, santiago 2009
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segunda-feira, maio 04, 2009

Boal morreu.

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houvera escrito, proferido e praticado palavras incontornáveis para o crescimento da humanidade em participação. a doença traiu uma vida grande. ali onde o palco é alterável pelo público que o alimenta, onde a acção é crítica e ainda se crê (em arte, em transformação, em desopressão, na capacidade de acção).

que nos sopre algumas ideias em dias de maior acinzentado. precisamos de um senhor assim, mas ele morreu.

como um teatro vivo

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