Festa da melhor família do mundo no fim de curso @ Porto, 2008
Houve (tempo verbal sob consideração) uma fase substancial da minha vida em que me afastei muito de um conjunto de tradições. Uma delas foi a tradição académica. Custa-me encarar alguns rituais colectivos. Mas então quando chegamos a rituais de praxe que envolvem, a meu ver, a submissão indigna voluntária como passo necessário para se entrar num grupo, "está o caldo entornado". Declarei-me anti-praxe na primeira semana de aulas, com tudo o que isso envolveu de etc. etc., nunca sonhei ter um traje, e eis que chega a semana da queima no meu último ano e deu-me um aperto. No metro do Porto, toda a gente tinha flores nas cores de curso e faculdade. Toda a gente se ria e seguia em grupo. Sei que fui ter a casa da avó e desabafei entrelinhas que, por uns minutos, tive pena de ter perdido o que se sentia neste ritual. A quem o fui dizer...
No dia em que apresentámos o projecto curricular e respectivas críticas, formalmente um dos dias mais marcantes do curso de educadores de infância, estranhei que, com pedido ao telefone, ninguém pudesse jantar lá em casa; mas ok, eu é que tinha desvalorizado aquele percurso.
À noite estávamos lá quase todos - e os que não estavam tinham escrito nestas fitas, azul e rosa, e tudo estava preparado ao milímetro. Não fazia a mínima ideia, nunca teria feito a mínima ideia, e ainda hoje pensar neste dia mexe muito (positivamente) com a minha estrutura :,) Foi, a meu ver, a melhor tradição-surpresa de todos os tempos!
No topo de uma das torres @ Bologna, 2009
No ano seguinte, assim que pude, fui cumprir a única promessa que fiz sobre esta tradição: se não vou andar na praxe, nem trajada, nem em cerimónias de bênção e queima das fitas, nem com coroa de folhas, nem com fotos ridículo-cómicas pelo caminho, então vou pelo menos subir uma das Duas Torres quando acabar o curso. Fiquei doente e tudo, mas ai de mim se não o fizesse... (ainda tinha de estudar a vida toda, sei lá!)