...
Aquele velho ritual de prender um bocadinho de vento na mão
aquele vento que não se prende
que passa entre as folhas
e nos toca docemente
doce frio
Aquele doce quente de olhar o céu
aquele céu com nuvens
e das nuvens fazer cavalos
peixinhos que se beijam no mar azul celeste
bonecos que perdem as pernas pelo caminho
mas que voam
e vão abraçar-se aos bichinhos fofos
imperceptíveis aos olhares frios
Ode à liberdade de visão
hino ao poder de criação
Sermos deusæs
não para dirigir orquestras
mas para inventar novas figuras musicais
Vaguear pelo imenso
na vaga incerteza das coisas dadas
e com aquela infantilidade reprimida
soltar gargalhadas, fazer cócegas,
tocar o limiar da loucura
Deixar formas, criar laços
com o vasto aroma da liberdade
pintar sonhos
doá-los aos cantos do infinito
Cantar povos e lendas e amores
e recolher a apara do lápis
para que outr@s se enamorem
e se beijem
e nos cantem outros povos e lendas e amores
Sorrir com doçura de criança
ou amar sem pretensão de resposta
ou correr pelos campos brancos de pombas brancas
Imitar uma abelha
uma margarida
um pôr-do-sol
Ronronar num colo fofo
fazer cafuné à lua
tomá-la na ponta dos dedos e jogar berlinde
E aí abandonamos o medo.
O segredo é molhar os olhos
para que jamais percam o seu brilho
e acender o rastilho do sol
para que nos sirva de cobertor.
O resto é amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário