terça-feira, fevereiro 14, 2006

feliz dia

comecei a escrever o que se calhar não devia, e nem tive tempo de acabar enquanto fizesse sentido. por isso acrescentei agora muitas coisas e envio para o vazio neste dia simbólico.

há uma frase de rua: "um único verso seria uma nódoa no meu poema". peço desculpa, não me lembro do nome...

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faz de conta que não estamos no papel, mas numa espiral que, mediante o ângulo de que se observe, vai variando as suas tonalidades entre azul-cinzento, púrpura, negro e certos laivos mais quentes. se nos ausentássemos da nossa condição em espiral e, antes, a olhássemos de fora, poderíamos ver como o encarnado encobre os nossos corpos quando as linhas se tocam, ao voarmos. como essa cor advém dos aromas doces que partilhamos, delineados nas contracurvas que nos definem.

dentro do faz de conta temos um toque comum, um olhar comum, um sabor comum, uno na diversidade da pontuação gráfica e melódica que nos habita. sarrabiscas um mundo tão bonito quanto os teus dedos, mais bonito do que os meus olhos possam albergar.

mas são esses olhos que, agora, não te encontram. saímos do faz de conta. constatas que a nuvem da proibição se torna densa e densa e ainda mais densa, e deixamos de nos poder ver. agora choro, porque não te tenho nem posso estar em ti. agora não vejo cores, e esse cinzento que possivelmente nos habita a ambos não é translúcido e não deixa ver mais nada.

dói-me a barriga, os braços, as pernas, os olhos, o nariz, a boca, as mãos, o peito. falta-me cheirar-te, degustar-te, contemplar o belo que em ti reside e que nunca aprendi a definir. falta-me sentir-te e sentir-me em ti.

não sei como escrevo, a tua ausência esvazia-me. sou uma gota estática e não saio das ondas que batem incessantemente contra as rochas, não consigo.

a espiral esgana-me. as imagens consomem-me. a cor abandonou-me. só vejo reticências a esgotar o caminho que poderia seguir. a música chora connosco.

e fico a ver-te passar atrás do teu amor. seremos, talvez, demasiado encarnados para termos valor.

mas daqui a nada irei respirar-te. converso com a minha ausência e digo:

faz de conta... faz de conta que não estamos no papel, mas numa espiral que, mediante o ângulo de que se observe, vai variando as suas tonalidades entre azul-cinzento, púrpura, negro e certos laivos mais quentes. se nos ausentássemos da nossa condição em espiral e, antes, a olhássemos de fora, poderíamos ver como o encarnado encobre os nossos corpos quando as linhas se tocam, ao voarmos. como essa cor advém dos aromas doces que partilhamos, delineados nas contracurvas que nos definem.

dentro do faz de conta temos um toque comum, um olhar comum, um sabor comum, uno na diversidade da pontuação gráfica e melódica que nos habita. sarrabiscas um mundo tão bonito quanto os teus dedos, mais bonito do que os meus olhos possam albergar.

és uma prosa poética. sem ti as ruas não fazem sentido, as pautas não fazem sentido, as páginas não fazem sentido. enche a tua vida de metáforas, eufemismos, ternuras. serei um paradoxo, não peço mais espaço.

um único verso seria uma nódoa no teu poema. não quero sujar-te mais *

5 comentários:

Anônimo disse...

não tenho poemas para te escrever, mas tenho a tua lembrança comigo nas rosas que secam de pernas para o ar ou nas florzinhas amarelas que se mantém vivas ao lado do computador após mais de uma semana.
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não te vás embora de mim

Anônimo disse...

"dói-me a barriga, os braços, as pernas, os olhos, o nariz, a boca, as mãos, o peito"

oh Inês isso não serah gRipe?!? d:«

q bom q sabe um pouco de ti ler

beijinho
P

Anônimo disse...

saudades

P

Anônimo disse...

És bem mais bonita do que um poema pode dizer, uma rosa murcha pode cheirar, um sorriso pode esboçar, um comentário consegue transmitir.
Beijo grande. ;-)

Anônimo disse...

Fica ao pé da Teatro Carlos Alberto, perto onde já morei uns tempo, que para alem dessa frase "um unico verso..." existe outro que é "o meu abraço tem a forma do teu corpo" ou algo parecido