quinta-feira, julho 10, 2008

morre uma borbulha e nasce outra do outro lado

às vezes. ou faz de conta.


momento solitário de necessidade de mimo. alguma coisa morre, ou o eterno sobrepõe o objecto?



até amanhã*

terça-feira, julho 01, 2008

avós

foi escrito para vós. a pensar na vossa casa, com a minha rude tendência de juntar palavras. com tanto que sinto.



I.
O que enche o inverno frio são, sem dúvida, os teus olhos.

É frio de casas incólumes,
de ventos que partem paredes
e afastam palavras.

Sombrio como a noite que se põe sem lua,
descrente nos restantes astros
e de fracassos somados ao abandono das ruas.

Mas com os teus olhos
crias o mundo em que me apaixono.

Nas tuas pupilas descanso,
meu colo meigo,
e na íris desperta
acordo cada sentido meu.

Fitas o mundo e brilhas,
no reflexo dos meus olhos,
para toda a pureza de um novo dia.

E eu, de mãos vazias,
espero o reflexo do teu olhar
no meu
para poder tocar a vida que,
sem ti,
não existiria.


II.
Inventam-se, a cada dia, as pessoas que se amam.

Ainda que o sol não seja o mesmo
nem o mar
nem as andorinhas
que, uma vez por ano, procuram aquela janela.

Ainda que tudo mude
o amor não pode ser mudo
e reinventa quem se ama
em cada palavra pensada.

E, quando a palavra não surge,
inventa ainda o silêncio
(um silêncio mais doce
que uma palavra em vão,
o silêncio do gesto
e do abraço descoberto).

Sai-se do aperto,
da solidão,
e a pessoa mais a pessoa
inventam uma nova escala.

É assim que,
quando o amor fala,
se descobre a imensidão.