terça-feira, janeiro 25, 2005

música flui em caminhos dispersos

como se de uma valsa se tratasse, rodopiamos junt@s na pista fictícia. tocaste-me carinhosamente na borboleta que trago ao peito, "é linda para ti" apeteceu-me dizer-te, mas talvez o teu sorriso tenha ouvido isso antes mesmo de eu o pensar. e continuámos a rodopiar, mas afastad@s, cada um@ para o seu espaço no espaço que tínhamos. o que faço agora? que caminho é este? estamos tod@s dentro de quatro paredes e sobra tanto, mas falta tanto, a cortina preta tapa tanto, só se vê um pé, então e o passo, e o caminho, e o tudo?!...

AI, falta mas tenho demais! que sofreguidão de coisas, de estados, de tempo!

a música continua, está mais soturna. ou melancólica? sou eu que a ouço...

não há mal, os símbolos sentem por nós... sim... podemos dar-nos ao prazer do não sentir... pode ser que encontremos a paz nos turbilhões energéticos aqui pelo nosso meio. se não houver paz? há música...




perdi-me







não, não me encontres




sexta-feira, janeiro 14, 2005

crescemos e falta-nos carinho

falta mimo com pão, não tanto queijo com pão. temos a mais de preocupação e de dívida, estamos em permanente falta para com @ tod@. matamos sem sequer perguntarmos para quê, morremos sem percebermos porquê, e o "quê" vai passeando por aí, cada vez maior, mais bruto e feio.
e depois se choramos somos uns abaixo de nada, porque nada já nós somos. se nos atrevemos a sentir e mostrar que sentimos é porque somos de outro mundo que só tem de ser eliminado. se lutamos por algo em que acreditamos somos utópicos à escala universal e resta-nos uma morte mais dura e penosa por não nos conformarmos.

mas precisamos e sufocamos sem o que alimenta o conformismo, o corpo está no mesmo chão. e sem "aquilo que alimenta o coração" não temos mãos que aguentem a dor. esprememo-nos mas dói cada vez mais. pica muito, desfaz, quase destrói!

criemos a ternura, não desistamos dela! sejamos activist@s de amor, inclusivos da atenção, companheir@s a flutuar num espaço cheio mas tão vazio!...


am@r sem dor nem fim

um abraço muito apertado para quem quer e precisa dele
deixa-me dar-te um bocadinho de mim

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domingo, janeiro 09, 2005

falta sempre uma parte do que se é.

os lábios escondem os olhos, o pescoço esconde o peito, o sorriso esboçado esconde a mágoa desbotada.

mas há uma paz que quer sair. uma voz que quer cantar em coro, fugindo do boneco de cera e agarrando-se até às flores mais pequenininhas.

uma entidade estrangulada na cor que não se define. escorrega pelo pescoço até ao nada, onde se afunda…




We were so close, there was no room
We bled inside each others wounds
We all had caught the same disease
And we all sang the songs of peace

Some came to sing, some came to pray
Some came to keep the dark away

Melanie Safka, Lay Down


Don’t question why she needs to be so free
She’ll tell you it’s the only way to be
She just can’t be chained
To a life where nothing’s gained
And nothing’s lost
At such a cost

There’s no time to lose, I heard her say
Catch your dreams before they slip away
Dying all the time
Lose your dreams
And you will lose your mind.
Ain’t life unkind?

Rolling Stones, Ruby Tuesday




… e adormece.

vem adormecer no meu colo, no meu peito.
no meu eu, que não conheces e é tão teu*




segunda-feira, janeiro 03, 2005

no buraco da parede

em que me encontraste, deixei-te um recado. não o escrevi, só o deixei lá, para que o sintas, já que não me sentes.
dizia que lá ao fundo, onde os olhos queimam por não conseguirem albergar, há uma fonte com musgo. para quê, perguntas? pode ser para nada. nós já temos tantas coisas… tantas que levam ao desprezo de todas. é como com as pessoas, que também deixam de ser importantes porque são muitas. assim, se lá fores e escorregares, como aquilo não é para nada, ficas verde porque sim. só que, quando eu te vir verde, sei que isso aconteceu porque sim, mas foste lá porque sentiste o meu recado como não me sentes a mim.
se eu fico triste, não interessa. faz de conta que não sinto. se calhar nem sinto mesmo…

agarraste-me e sacudiste-me com toda a força, até ficar tonta e quase inconsciente. libertaste o que eu não sabia ter trancado dentro de mim, e deste-me parte da tua liberdade, também. até que ficámos os dois presos – eu segurava a tua vida e tu a minha morte. largaste-me já débil, mal conseguindo trepar a um novo buraco de parede. deixaste cair a faca que trazias na mão para me tirares a pele, teu sustento. as balas que tilintavam no bolso da tua camisa como que te trespassavam, justificando as lágrimas que te caíam. para quê matar-me? afinal era só mais um bichinho, e o sol iluminava o meu corpo nu para que tivesses a noção de que estava mesmo ali… puseste-me junto a um buraco de uma árvore e foste embora, eu a ver-te.

quando escorregares, pode ser que me sintas. ficas verde e voltas à parede, mas ao meu nível, ao meu lado, a dar-me o mimo que te quero dar a ti.


teimamos em fazer guerra quando ainda há tanto amor por fazer…