domingo, julho 18, 2010

re_conversa

re_converso

na consequência de ter mudado de caderno e dar agora novo espaço às palavras e caracteres
no sorriso de reencontrar sorrisos antes próximos e hoje distantes
no lamento do afastamento em não_sorriso
sob o nosso sol, só nosso, envolto de mar
e o seu azul que me nutre de cores diversas

re_tomo um dia

por vezes mais que um, raramente
e abuso novamente das palavras.

agradeço o re_torno de quem mais atende
à flutuação dos espaços de cada dia,
mantendo a original marca de uma comunicação preciosa.

abuso redundantemente de um minuto perso, perdido,
em que não resisto a voltar a rabiscar electronicamente,
em que confirmo outras sedes de palavras,
em que prevaleço na procura de mais uma sequência repleta de sentido.

pouco repleta sigo,
vou procurar um doce que acalme o excesso estival,
vou abandonar as palavras para depois poder procurá-las,

repleta de saudades,

novamente.

quarta-feira, julho 07, 2010

7 anos depois de vilar de mouros, vou ao alive!

(auch! cota)

faz agora 7 anos que fui ao vilar de mouros 2003, uma altura sobejamente complexa e que não consigo deixar de recordar, aujourd'hui, na véspera de levar o carro até monsanto e deixar encaminhar até algés...

há 7 anos insisti em vir embora do algarve, e em vez de parar em lisboa, conforme planeado, parei em vilar de mouros, nada pertinho, por especial bondade da mãe Carmen. vinha com uma geleira carregada de coisas, descobri à entrada que estavam lá dois colegas do secundário, e pronto, foi o suficiente. fui "avacalhar" - quem já lá esteve pode perceber o sentido muuuado e estrumado da questão - numa tenda permeável à água, qual maravilha no festival mais húmido a que alguma vez assisti.

aquilo de que hoje me rio:
- sepultura elevou ao máximo as minhas expectativas (que eram poucas), e isso devia ver-se na minha carinha de parva a olhar para a guitarra; por vezes reparava que pessoas muito altas, com cabelos muito compridos, muito vestidos de preto e com botas muito duras, se riam a olhar o meu pseudo-"hippieismo" sorridente
- em guano apes fui apanhada pelo moche (não tmn, aquele mesmo fabuloso para quem tinha a mania de andar com as sandálias cristãs), que ia até à reggie de som e luz, e alguém conseguiu agarrar-me e tirar-me dali; não lembro quem nem em que circunstância, porque isto viria a acontecer várias vezes nesse festival, no qual bebi aguinha e iced teas
- wailers ? não cancelaram e actuaram em paredes do coura? whatever... fui aos dois e, fosse qual fosse em que actuaram, adorei!, era o furor da rasta ao pincho!
- o dia memorável de blasted mechanism, que nesse ano devo ter visto aí umas cinco vezes, seguido de rufus wainwright que, por ter insultado os prévios, teve direito a ser apedrejado e a sair ao fim da sua primeira divagação ao piano com cigarro (e não consegui voltar a ouvi-lo)
- depois veio o david fonseca, e o rapaz até é simpático, mas a musiquinha era tão em diminutivos e com tanta calminha, depois de algazarra por o ruforão ter sido posto fora, que eu entrei em hipotermia; novamente, alguém pegou em mim e fui entregue à tenda dos casacos, onde a vendedora me convenceu a vestir e despir vários casacos até mudar de cor (e aí já me recordo de pensar novamente) - nota: se os meus primos lindos virem este relato, é favor que não levem nada à letra, que há muito tempo que tenho a mania de poetizar a narrativa com hiper-realismos (momento cromo) e o mais que podem tirar é o exemplo do que não fazer (e eu ia muito vestidinha, aquele minho é que me transtornou de todo...)
- os melvins partiram tudo e tocaram com pouca roupa e aventais; tricky ia jurar que vi em paredes do coura, mas de qualquer modo nunca esquecerei a quantidade de fumo que lhe saía do tronco, curvado como se lhe pressionassem o peito, e a interpretar com toda a força possível
- e tomahawk... era o que mais esperava. pelo mike patton, que me insultou por ter tirado muitas fotos com medo que nenhuma saísse decente (e não saiu nenhuma, efectivamente), na altura em que me aplicava a sério e ficava tipo na primeira fila.

e agora vou rever faith no more, depois do sudoeste 2009 em que toda a loicinha foi partida aos cacos e o senhor, em risco de electrocussão, ameaçou engolir o microfone... e skunk anunsie... e xx... e pearl jam... e banhart... e voltar brevemente a deftones, e definitivamente conhecer muito mais!

é um momento deste verão, que já não se chama férias como há uns tempos atrás, e que me faz recordar um certo estado de barriga ansiosa pelo salto seguinte. estilo muitas coisas que mexiam a barriga e depois davam para muito caminhar...

partilhei :) acho que nunca tinha contado ao certo esta estória

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post scriptum - foi com a intenção de o revelar que comecei a escrever, e ia esquecendo... um dia do vilar 2003 voltei à tenda, sem luzes (que já tinham fugido), guiada pelo cheirinho e rumor da vaca que eu sabia que dormia atrás de mim. lá encontrei a tenda. além de ser possível fazer uma certa piscininha lá dentro porque sim (a água entrava por cima, baixo, lados, etc.), a "porta" estava aberta. tinham-me levado a geleira. ficou a máquina fotográfica, o dinheiro que tinha na tenda, tudo, só levaram a geleira, presumo que por fome. lá dentro seguiu a última lata de atum, que não cheguei a comer - e tornei-me vegetariana ;) há 7 anos, e as previsões eram de 3 meses!

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