segunda-feira, dezembro 31, 2007

tragicomédia pessoal

em 2006 procurei arduamente um sentido,



em 2007 foi notório que não o encontrei.

e acho que é bom assim.

sorriso para 2008

:) *

quinta-feira, dezembro 27, 2007

malinconia

vuoto del tutto.

barthes esqueceu-se deste termo. não é só passado, é presente sem resposta e falta de ar para o futuro em que não se acredita. passado sem gavetas fechadas, presente sem portas abertas. tempo em que toda/os pseudo-sorriem e quem resta não consegue responder a nenhuma expectativa. é preciso descentrar... é preciso dar atenção e não fugir com medo da consequência. é preciso viver de vez em quando e esconder o medo. é preciso viver o que é preciso sem o tomar como obrigação. seria bom viver autenticamente e representar menos. seria bom sentir que somos amado/as e não somente que frustramos.

malinconia frustrante.

um beijo de melhor ano. foi só o pai natal que morreu, não foi?

terça-feira, dezembro 18, 2007

bem-vindo ao mundo, bebé!


o gerês, para ti



para além do sol e das árvores, o mundo é todo para ti, Pedrinho pequenino



beijo sem tamanho possível, papá e mamã :) estou de sorriso incontrolável e olhos cheios

segunda-feira, dezembro 10, 2007

todoia


as melhores - margaridas brancas



há quem conheça a história, mas as palavras têm sido escassas.


um olá de todoia para aqueles/as que não vêm as coisas nos mesmos nomes, ou espaços, ou tempos, dos/as outros/as.


todoia era o que um eu cá dentro chamava às flores. penso que as tratei por esse nome até entrar na escola. quase todas as palavras tinham sentido, sobretudo se cantadas, mas flor não. não era, sequer, real. todoia.


estou a deixar de conseguir contar histórias e estórias, por isso agradeço que alguém me faça acreditar novamente em todoias. aquelas que afagam com mansidão e aquecem o sangue mais dentro possível. as que existem, mais que a imagem que construímos delas.
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non ce la faccio più a tradurre. credo che ho smesso di avere la capacità linguistica. se c'è qualche interesse in sapere quel che c'è scrito: 1. indovinare; 2. scrivere un commento e chiederlo; 3. aspettare...

sábado, dezembro 08, 2007

"o pai natal morreu"

anuncie-se por aí.
foto: D., 5 dezembro 07



o pai natal morreu, disse a B.

porquê?, perguntámos

porque eu vi a notícia, disse à outra estagiária



e depois vi-o pendurado por aí, disse-me





parece que este ano o pai natal se enforcou. andam aí a imitá-lo, mas ele morreu.





sábia menina...
(insomma: il babbo natale è morto, mi dice una bambina)

terça-feira, novembro 27, 2007

cura

  1. mão pequenina, j.,21 nov 07



tenho uma mão pequenina

tu tens outra igual à minha

faço mimos, faço festas,

não bato mesmo a ninguém

e a tua,

é assim também?



ho una mano piccolina

hai un'altra uguale alla mia

faccio delle carezze, delle coccolate,

non faccio proprio male

e la tua

lo fa uguale?





poema na sabedoria diária da minha Educadora, traduzione da quel che sono stata capace... un momento troppo, demasiado, bello

segunda-feira, novembro 19, 2007

incoerência original

ou

sobre a incapacidade de reagirmos perante o desaparecimento

(escrevi isto a 4 de abril de 2006. hoje, 19 de novembro de 2007, acabou aquela família. e, no meu vazio, as palavras que me vestem são as mesmas. incoerência e vergonha.)


durante a flecha do tempo que nos permitiu conhecermo-nos em estreita articulação com todos os sistemas, habituamo-nos a construir uma imagem do mundo que vai sendo redefinida conforme as incoerências que aceitemos. indago-me sobre os limites perceptivos de tal conhecimento. e, sobretudo, sobre a capacidade de reacção à percepção da nossa própria incoerência.

a incoerência pode ser multiplamente interpretada. se para mim é incoerente defender o valor da vida e, na prática, promover práticas desumanas ao se defender que certo património cultural deve ser defendido e preservado por ser um legado do desenvolvimento humano, para outr@s pode ser incoerente que eu perca tempo a escrever estas palavras e não vá assegurando uma prática proactiva pela assimilação desse mesmo valor da vida. e, no seu âmago, provavelmente terão razão.

deparo-me agora, novamente, com o desaparecimento de quem promoveu a minha vida, se esforçou pela minha felicidade e cuja recompensa, imaginemos, foi a minha incapacidade de envolvimento sob o medo da transformação da imagem. o afastamento de situações problemáticas em seres que me influenciam desde as iniciais percepções da flecha do tempo, original da minha incoerência.

sábado, novembro 03, 2007

nina nana

Berrogüetto-Cantos de Monzo

quel che cantavo ai bambini per addormentarci. quel che canto adesso

segunda-feira, outubro 29, 2007

perplessa

não consigo evitar ficar perplexa com o que tenho lido. falo nomeadamente no âmbito da violência e respostas possíveis para potenciar um contexto oposto – inocentemente, por vezes, denominado Paz.

era uma vez um metro do Porto. em plena hora de ponta, como se pode esperar, o metro encontra-se cheio. há, no entanto, quem se afaste de “potenciais focos de problemas”. falo de um pequeno grupo de rapazes, entre os 10 e os 13 anos, com expressões “assustadoras” para os restantes transeuntes. ao verem que alguém escrevia qualquer coisa no telemóvel, começaram a representar um possível assalto subsequente, com instruções explícitas: “e é quando ela acaba de escrever que um de nós estica o braço e…”, e, nesse momento, parou de escrever e tirou o dito acessório tecnológico do alcance deles. ao que se seguiu um monólogo triste: sem subir o tom de voz, e perante a apatia de quem seguia no mesmo metro, indagou os rapazes sobre a justiça de tal acto, o conhecimento que tinham sobre o processo de cada um para ter o que tem, o que será preciso para sobreviver – medo ou acção? – etc. até ao ponto em que incorreu na mágoa mais profunda de lhes dizer: “o que vocês precisam é de mimo”. e um olhar muito triste focou o mesmo chão de todos nós. “desculpe, menina, você é bonita. desculpe. até à próxima.”

era uma vez um bairro social com forte percentagem de residência de emigrantes. por diversas vozes considerado das áreas de maior incidência criminal e violência da cidade. um dos problemas efectivos era a comunicação: eram poucos os que falavam a mesma língua. um dia, a caminho do estágio, perdi-me, portuense em Bologna. perguntei ao primeiro rapaz que encontrei uma saída possível; só percebi “Rússia”, ainda não tinha aprendido a falar, mas pegou no meu braço e levou-me até à paragem de um autocarro que me conduziria ao centro. pouco tempo depois perdi-me na periferia oposta, onde só havia caravanas das comunidades Rom nómadas. uma menina reconheceu-me, por me ter visto a entrar no Jardim-de-Infância, apresentou-me a família e continuou a brincar no jardim em que vivia. apontou o caminho de saída e mandou um beijo ao ar. etc, etc.

eram muitas vezes muitas pessoas com medo de respirar. por terem receio de construir alguma solução colectiva, de procurar respostas humanamente comunitárias, deixam-se cair na apatia individualista e egoísta. apostam no fitness enquanto paz de corpo e no vazio constante enquanto paz de espírito. se calhar, nunca pensaram num conceito de Paz dinâmica. aquela que implica acção, disponibilidade, intencionalidade, aquela que não é a ausência da revolta mas a forma privilegiada de luta. aquela que exige crítica para ser compreendida e desenvolvida.

que cansaço de apáticos conformistas. que medo de ser assim quando, de tão cansada, não acreditar de todo que é possível mudar alguma coisa.

sour times

by portishead

quinta-feira, outubro 25, 2007

frammenti di un discorso amoroso

un tributo a barthes



Vagabundagem. Ainda que todo o amor seja vivido como único e que o sujeito rejeite a ideia de mais tarde o repetir, o apaixonado surpreende por vezes em si uma espécie de difusão do desejo de amor; compreende então que está condenado a errar até à morte, de amor em amor.

Obsceno. Desacreditada pela opinião moderna, a sentimentalidade do amor deve ser assumida pelo sujeito apaixonado como uma forte transgressão que o deixa só e exposto; por uma inversão de valores, é então esta sentimentalidade que torna obsceno o amor.

Saudoso. Imaginando-se morto, o sujeito apaixonado vê continuar a vida do ser amado como se nada tivesse acontecido.



roland, saggio mio... come mai sei riuscito ad indovinarci cosi con tanta sicurezza?

terça-feira, outubro 02, 2007

forse lo so

sou tão vazia que tento absorver-te para preencher o que não sou. nada de troféus, nada de caprichos. és tu no reflexo, que eu não consigo ser nada. só por isso é que me vês.


desculpa



o meu lugar, do outro lado. nunca teve número, mas deve ser ímpar

segunda-feira, setembro 24, 2007

Acordai

Svegliatevi...

Heróica, letra José Gomes Ferreira, música Fernando Lopes Graça


Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

domingo, setembro 23, 2007

respiro, sufoco

não devia ser permitido viver com tão pouco ar. é um sufoco pensar que há quem pense em não respirar mais. como tu. como consequência também a mim custa respirar, não há ciclo possível, é uma espiral que causa vertigens e degola qualquer sonho.


às vezes pergunto-me se os sítios em que te penso são aqueles em que vives. quando a tua presença se reduz ao meu pensamento, a fragilidade parece diminuir à mesma proporção da intensidade. o reino vazio. aquele sítio em que somos fortes porque não sentimos, não temos essa necessidade. não quero viver no vazio. prefiro magoar-me a cada passo e sentir que este corpo, que me rejeita, conseguiu andar mais.


deito-me no teu caudal, rio das minhas lágrimas. o teu abraço é terno

rio douro, zona de sabrosa, vila real

Milk and Honey

Jackson C. Frank (original version)
nello stesso film di Gallo... però questo video non c'entra niente.


c'è un'altra bella versione, di Nick Drake.

quinta-feira, setembro 20, 2007

"onde perderam a cor nossos sonhos?"

dove hanno perso il colore i nostri sogni?

poesia urbana
rua de oliveira monteiro, porto, em setembro de 2005




uns anos antes (dezembro de 2002) tinha pensado em qualquer coisa do género. fiz o que a repetição de dias no hospital, à espera de ar, me permitiu. nesse tempo vivia entre o vermelho e o negro. hoje lembrei-me.

alcuni anni prima (dicembre 2002) avevo pensato in qualcosa simile. ho fatto quello che la ripetizione di giorni passati nell'ospedale, aspettando l'aria, mi ha permesso. in quel tempo vivevo tra il rosso e il nero. oggi mi sono ricordata.


estou assim. sto cosi



que falta de cor, a minha vida

che mancanza di colore, la mia vita

.

(bolle. come alcuni dicono - ferve)

quarta-feira, setembro 19, 2007

non mi va di scrivere in italiano

de nan goldin














valerie and gotsho embraced, paris, 1999

guido floating, sicily, 1999







dor dor dor

.

não me alcances com ódio, que eu fujo de mim por te querer aqui dentro. em conversas de eu e eu, a minha imbecilidade pede não fujas de mim, pega-me ao colo e logo me agrido, tal como tu o farias. viras as costas e vais-te embora. e vou ter com o nada que me espera, vestido de desespero, única instância com quem faço amor. deito-me doente e serena no vazio e faço de conta que a vida tem sentido. ou a morte. é uma encenação escura, não sei se sem música ou se me tornei surda. e olho o vazio meigo de silêncio (porque o silêncio é atroz se fora do vazio), desmaio e, em modo cobarde, penso se não seria melhor não acordar. sou intrinsecamente imbecil. não te quero compreender porque tenho medo da ideia de que te perdi mal nos olhámos. aquele olhar de tiro.


não há contexto que nos tolere.


não fujas de mim, pega-me ao colo

quinta-feira, setembro 13, 2007

não me apetece escrever em português

nella palla
(foto by enrico, produzione by akio)



vorrebbe rendere perpetuo l'abbraccio al infinito e poter dare una carezza senza sentire il quanto fa male. mi piacerebbe non percepire che tradisco tutto un mondo nel mio sguardo; però sono egoista e preferisco non tradirmi a me stessa. la verità cruda è che sono qui, senza fame, con delle dolori variabili, vagando nello spazio ed aspettando, come un bambino, quel sguardo tenero che mi permetta di andare avanti.

quarta-feira, agosto 22, 2007

o depois


parece que continuo a andar. e a olhar algures. para o caso não importa. os dias contam-se a si próprios e nós vamo-nos contando as histórias que queremos ouvir, por mais medo que provoquem. ou enlouqueci de envelhecida...


(il dopo) sembra che continuo ad andare. e guardando da qualche parte. per questo non importa. i giorni si contano a se stessi e noi ci raccontiamo le storie che vogliamo sentire, con tutta la paura che possano provocare. oppure sono diventata matta di invecchiata...

sexta-feira, agosto 17, 2007

tornata...



parece que sim, ao final de contas já voltei. e talvez volte a ter motivo para escrever aqui. por nada demais... porque parece-me que, aqui, volto ao nada demais.





até já *

a bologna que deixei - la bologna che ho lasciato

(in http://digilander.libero.it/capurromrc/0000bologna.html)






(ce la volete, la versione italiana? ho scritto: sembra di si, alla fin fine sono già tornata. e forse torno ad avere un motivo per scrivere qui. per niente in speciale... perche mi sembra che, qui, torno al niente in speciale. a tra pocco *)