quinta-feira, dezembro 22, 2011

Votos Satchita para o novo ano

Interrompo o meu longo mês fotográfico para vos deixar a que penso ser a melhor descoberta musical deste ano, que espelha os meus votos para tod@s*

Peça a Deus

Que os Homens encontrem os seus passos perdidos

E que os sonhos despertem esses olhos dormidos,

Que o amor transborde e vivamos em paz;

Que os dias terminem com os braços cansados

E que a sorte só queira estar ao teu lado

Que a dor não me assombre nem me cause desespero,

Peço a Deus.

Sat-chit ananda parabrahma,

Purushotamah, paramahtma,

Sri bhagavathi sametha,

Sri bhagavathe namahah

Oh oh

Peça a Deus

Que nos mande do céu muita sabedoria,

Um amor verdadeiro, que ninguém passe fome

Um abraço de irmão, que vivamos em paz;

E terminem as guerras e também a pobreza,

Encontrar alegrias entre tanta tristeza,

Que a luz ilumine as almas perdidas

E um futuro melhor.


Satchita, Playing for Change (http://www.youtube.com/watch?v=Jfn8wsjh9WU)

segunda-feira, novembro 21, 2011

Dia 18: No meu prato


Prato simples @ Sintra, 2011

A verdade é que não costumo ser muito arrojada. Nem sempre faço aqueles pratos mais vistosos, mas esforço-me sempre por cozinhar com o coração. Particularmente desde que me tornei vegetariana, fui cultivando a capacidade de ver num prato uma pirâmide agradável, com proteínas, vitaminas, minerais, hidratos de carbono e água, por vezes com uns extras saborosos (e necessários!) que tornem a refeição ainda mais especial. Este é um dos exemplos, representativo do meu ritual quotidiano: preparar um tabuleiro, escolher um guardanapo de pano (o descartável faz-me uma certa confusão), talheres e prato; compor com o que tenho no frigorífico e na despensa; et voilà. Neste caso, um bife de soja estufado em molho de tomate, arroz selvagem e salada de rúcula, salpicados com sementes de sésamo e chia. Para quê mais? :)

quarta-feira, novembro 16, 2011

Dia 17: Proeza



A verdadeira proeza, creio, é encarar com crescentes bons olhos o que não conhecemos. Por palavras metamorfoseadas dos desenhos animados <3 é encontrar o panda que vive em mim, aceitá-lo e treiná-lo em corpo, mente e espírito, sem permitir que ele abdique do gosto de comer e cozinhar coisas boas. É pensar que, mesmo na possibilidade de ser um urso corpulento, percorro o meu caminho com a garra de um tigre domado por si mesmo. Proeza é enfrentar o tremor do dia que passa e acreditar no seguinte, que poderá trazer mais flores - ou no qual poderei, pelo menos, aprender a ver flores. E não posso negar que, mais recentemente as leituras budistas e o kung fu, e numa base permanente-evolutiva as conversas e abraços deliciosos com a família e os amigos, têm tido um peso fabuloso nesta construção :)

segunda-feira, novembro 14, 2011

Dia 16: Mau hábito


Sem linhas @ Porto, 2002

O meu pior hábito, desde sempre, é o medo. Leva-me a perder os sentidos, literalmente. Por vezes consigo distrair-me - como quando percorria a caneta por esta página, durante 4 meses, nos tempos de espera das viagens ao hospital. O medo protege e ataca, sendo hábito ataca muito e ferozmente. Qualquer hábito é de mais fácil perda do que este - mas não desisto.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Dia 15: Às 14h


Momentos de café @ Cinque Terre, 2007

Às 14h, café. Se for fim-de-semana em família, porém, o café ainda tem de aguardar algumas horinhas... Este café está particularmente sorridente e colorido, na foto tirada pelo Enrico quando percorremos a pé as Cinque Terre num só dia :)

segunda-feira, novembro 07, 2011

Dia 14: Indispensável


Amor, de versos eternos @ Porto, 2010

Indispensável? Só o amor... E nas casas que me criaram, ele transborda. Não há melhor escola que essa :)

sexta-feira, novembro 04, 2011

Dia 13: Viagem


Partida @ Aeroporto de Frankfurt (Hahn), 2006

A meio da viagem de partida, Inês, Carmen e Vieira na nossa estreia de low cost: Porto-Frankfurt (Hahn)-Bologna (Forli). Dia 23 de Agosto de 2006, 20 anos e 1 dia, o início da viagem para Erasmus. O cabelo ainda longo e desgrenhado, as meias ainda diferentes, os sapatos que durassem uma vida, saia reciclada e camisola herdada, colares feitos com conchas e madrepérolas recolhidas na praia, o telemóvel que convenci um ladrão a devolver-me e o início dos moleskine. O início de muita coisa, daquelas coisas que duram, ao exemplo de sentir que uma parte do sangue é viagem e a outra é procura de conhecimento, as lições que me foram dadas sobretudo pelas crianças e famílias migrantes com quem trabalhei, que me fizeram crer que seria este um dos meus quase-eternos interesses de investigação... Vim de lá outra. Foi a primeira viagem. Vim com coragem para muita coisa e sem coragem para algumas coisas que devia. Vim despedaçada por sentir que as viagens começam e acabam, contra a expectativa de serem eternas (só a macro-viagem da vida o é, enquanto dura). Vim com sonhos desfeitos e com a estrutura preparada para construir um sonho maior. Perdi um bocadinho dos medos, mas também das ilusões aparentemente positivas, e doí-me neste percurso. Adoeci sozinha e percebi que conseguia recuperar. Apareceram algumas estrelas, do nada, que ofereceram acompanhamento gratuitamente. Vivi sozinha durante um mês e com dois amigos pelo resto desse ano - e foi a partilha de casa mais solarenga da história, em que uma das regras era não falar muito pela manhã, preparando sempre bastante café para quem surgisse do sono. Apaixonei-me por outra língua. O tempo curou-me, permitiu-me mudar de lugar-residência dentro do nosso país (que é o meu, falado na minha língua do coração) e encontrar uma outra realidade, bem maior e mais profunda que qualquer memória que tivesse, num clima de amor que cresce muito e pouco teme... :) Vivo em viagem, vivo a melhor viagem - mas foi esta a primeira, e nunca a esquecerei.

terça-feira, novembro 01, 2011

Dia 12: Nostalgia (I)


D. Flora @ Matosinhos, 1900-e-troca-o-passo

Com a professora Cristina, a preparar o espantalho D. Flora, na nossa dinâmica de concursos anuais a Serralves... Nostalgia boa :)

segunda-feira, outubro 31, 2011

Dia 11: Livro favorito


Palavras "abensonhadas" @ Sintra, 2011

Roubo o termo ao nosso querido Mia Couto. Será assim tão possível dizer qual o nosso livro favorito quando o nosso imaginário está repleto de livros? Não sei fazê-lo. Deixo-vos com o meu doce de cabeceira, minha companheira desde a infância, Sophia. Já a tive marcada em várias paredes, no decorrer dos meus quartos. Neste livro, Ela diz assim:

"A respiração de Novembro verde e fria
Incha os cedros azuis e trepadeiras
E o vento inquieta com longínquos desastres
A folhagem cerrada das roseiras"

"Novembro" (IV Dual) in Geografia

domingo, outubro 30, 2011

Dia 10: No meu jardim


No meu jardim @ Sintra, 2011

Menina Mafalda, vou partilhando uma ou outra foto repetida do FB, já que o dote fotográfico é pequenino mas acho que também deves ir conhecendo este meu "novo" universo! E falo directamente para ti porque és a maior interlocutora deste blog nestes últimos tempos :) Beijinhos meus e dos aristogatos-vira-latas que se passeiam no nosso quintal!

sexta-feira, outubro 28, 2011

Dia 9: Longa exposição


Sintra lumina, 2011

Não é, amigos, não é uma longa exposição. Mas nós queríamos que fosse :) Penso que a foto não seja minha, mas sim do Diogo. Partilho convosco um bocadinho de um Paço iluminado *

sexta-feira, setembro 23, 2011

Dia 8: Ao fim da tarde


Quase-Porto @ Matosinhos, 2009

Esta já era conhecida aqui no blog, mas tinha de repetir... É um fim de tarde insubstituível, aquele em que estava rente ao meu mar da primeira vez que o Diogo me acompanhou ao Porto :) *

quinta-feira, setembro 15, 2011

Dia 3: A minha cidade


O meu Porto, 2009

Ainda procurei outras imagens, para não voltar a repetir, mas parece que só aqui captei o meu Porto... Aquele que me falta, aquele em que me perco, onde encontro os meus amigos e onde me acolhem os braços mais ternos da família. É esta a sua forma, algo fortificada, com passagens inseguras, com cores estranhadas pela neblina, aquele meu Porto que limpa as suas lágrimas nas margens do Douro.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Dia 1: Auto-retrato

Self-portrait @ Modena, 2006




Vou inspirar-me na Inês Meireles (via FB) e na Mafalda Barroca (blog Mundo ao Contrário) e responder ao desafio fotográfico... Sem levar a peito o seguimento dos dias, que duvido conseguir cumprir nos momentos que se avizinham :) A quem mais queira fazê-lo, ou apenas passear pela minha parca memória fotográfica, bem-vindo/a!

DIA 1 – AUTO-RETRATO
DIA 2 – MANHÃ DE DOMINGO
DIA 3 – A MINHA CIDADE
DIA 4 – PEQUENA ALEGRIA DO DIA
DIA 5 – O MEU PLACARD
DIA 6 – SAUDADE
DIA 7 – ALGO COR-DE-ROSA
DIA 8 – AO FIM DA TARDE
DIA 9 – LONGA EXPOSIÇÃO
DIA 10 – NO MEU JARDIM
DIA 11 – LIVRO FAVORITO
DIA 12 – NOSTALGIA
DIA 13 – VIAGEM
DIA 14 – INDISPENSÁVEL
DIA 15 – ÀS 14H
DIA 16 – MAU HÁBITO
DIA 17 – PROEZA
DIA 18 – NO MEU PRATO
DIA 19 – SORRISO
DIA 20 – MEMÓRIA DE INFÂNCIA
DIA 21 – RECONFORTANTE
DIA 22 – NOSTALGIA
DIA 23 – FAMÍLIA
DIA 24 – NA T.V.
DIA 25 – GUILTY PLEASURE
DIA 26 – TRADIÇÃO
DIA 27 – ALGO VERMELHO
DIA 28 – A MINHA AGENDA
DIA 29 – NOVIDADE
DIA 30 – A PRETO E BRANCO

terça-feira, junho 28, 2011

um bocadinho de outra coisa

E porque desta vez ousarei traduzir o texto que mais fez sentido ao final do dia

"Deus sabe como amo a vida.
O vento toca nas margens e surge um novo dia,
Não posso pedir mais.

Quando o sino do tempo sopra no meu coração
E eu consegui viver um dia melhor...
Bem, ninguém mais travou esta minha batalha!

E os momentos dois quais tanto gosto,
Os lugares de amor e mistério,
Posso estar lá em qualquer momento.

Oh mistérios do amor
Onde a guerra perde lugar -
- Eu estarei lá em qualquer momento."

.


God knows how I adore life
When the wind turns on the shores lies another day
I cannot ask for more

When the time bell blows my heart
And I have scored a better day
Well nobody made this war of mine

And the moments that I enjoy
A place of love and mystery
I'll be there anytime

Oh mysteries of love
Where war is no more
I'll be there anytime


Mysteries, Beth Gibbons & Rustin Man

quinta-feira, junho 02, 2011

se a língua do coração nos fizer chorar

É uma língua, nada mais que isso. Permite-nos comunicar com quem connosco partilha um conjunto de regras descritas no seu código linguístico. Se correr bem, fazemo-nos entender; caso contrário, há que rezar por uma saída cómica da situação.

Quando é do coração já vem viciada. Ao código soma-se um posto, algures do lado esquerdo do corpo, e por ser do corpo já vem remexida de entranhas e sentires. O que dantes implicava dois corpos próximos, hoje nem tanto; podem ser simplesmente dois corpos imaginados. Um que imagina o outro, tem de o imaginar porque não o vê (não vale imaginar porque não gosta do que vê - isso cai fora da língua do coração, não respeita a sua deontologia).

Quando ela fala (a língua do coração, entenda-se) expõe de tal modo a alma que esta vem caindo pelos olhos. Creio ser mesmo um factor de sobre-exposição. Estilo escaldão linguístico, de tão emotivo. A água acalma por onde passa, por isso a língua do coração pede a sua presença refrescante. Outras vezes pede-lhe que afogue, porque as palavras já não devem sair com vida. Ao se tornarem um problema, como em qualquer outro sistema ecológico, arranja-se maneira de responder. Qual frivolidade animal, que se afogue a palavra dura.

Se esta língua nos faz chorar muitas vezes... Pois. Não creio que compense desistir dela. É capaz de ser das únicas que nos move mesmo desde a essência. É a língua das nossas primeiras palavras (da minha todóia, por exemplo, que ainda hoje continua a ser o reflexo da calma em mim produzida pelas flores), dos nossos primeiros, intermédios e últimos amores, das nossas discussões entre o eu1 e o eu2 sobre dilemas que dilaceram o nosso coração.

É também aquela língua que não esquecemos. A amnésia pode quebrar a memória do evento, mas não da forma como o comunicamos. Onde quer que estivermos - mesmo a milhares de quilómetros de distância do nosso húmus mais querido - conseguimos soletrar cada palavra proferida na língua do coração. E nunca o fazemos de modo errado. É uma língua mesmo nossa, aprendida por cada célula do que nos preenche.

É a língua das entranhas, do húmus e das lágrimas (menos visceral um bocadinho). Um dia ensinaram-me que podia ver se tinha aprendido outra língua caso me apercebesse que começara a sonhar nesse registo. E foi verdade. Mas essa língua sonha de noite, não fala da nossa essência plena. A outra é que é nossa. Essa fala de dia e sonha de noite. A outra sonha e fala dia e noite.

É muito nossa. É deveras inteira. Não quero perdê-la, por mais que nos chore.




(com ligação hipertextual: http://bonnybubble.blogspot.com/2011/03/um-dia-destes.html)


segunda-feira, maio 30, 2011

chovem palavras tristes por aqui

e isso cansa-me um bocadinho.

Não sou capaz de me desfazer deste blog, tenho-o desde 2004. Mas é-me difícil ler as palavras duras e tristes que lhe costumo adicionar. Quem tem palavras bonitas e mais dóceis que possa emprestar?

:) boa semana *

segunda-feira, maio 23, 2011

por não sabermos o tempo da despedida

.

Não, nem sempre sabemos quando nos havemos de despedir. Nem sempre atinamos com a pedra dura que não queremos que se nos coloque pela frente. Nem queremos acreditar que ela seja incontestavelmente esperada, mesmo quando nos oferecem um pré-aviso. E esse é um dos sinais da nossa beleza enquanto humanos - não queremos que o nosso mundo se despeça de nós, dignificamos a esperança pelo sorriso. Todos "os outros" tendem a perecer, mas os nossos dão sempre a volta. São os mais fortes, é incontestável. Nem sempre nos apercebemos de que a sua força também está na partida.

E ela parte-nos. Põe-nos aos bocadinhos sem percebermos como nem porquê, e encenamos a volta ao nosso teatro quotidiano. Encenamos a força que temos e que por momentos não nos encontra na plenitude. A beleza prevalece e a memória é tão incontestável quanto doce - e as palavras cómicas, meigas ou sentidas de quem parte continuam connosco até que possamos, noutro estado, voltar a rir ou discutir com quem nos habituou a fazê-lo.

Há quem opte por se ir embora da nossa vida. Também já o fizemos. Mas rói muito mais saber que alguns dos que mais guardamos se vão embora sem perceberem como convocar a despedida. Talvez nunca tenham ido mesmo e estejam em cada sorriso, em cada palavra e em cada alma cheia com que o nosso caminho nos vai presenteando.

Um mimo no coração de quem perdeu as palavras e os gestos presentes.
O resto há-de continuar cá dentro *

terça-feira, janeiro 25, 2011

no inverno as folhas desaparecem, não se limitam a secar.

creio que Sintra continuará a ser excepção. há sempre sombras verdes, por aqui. por exemplo, há uma parede de minha casa que já é mais verde que branca. o verde entra pelas paredes e tenta possuir o espaço. depois, fica atrapalhado, porque percebe que eu já fui mais verde e receptiva às folhas que voam, com ou sem palavras.

ando sem asas, muito ema - muito ave com asas que não voa. não há ânimo na sombra dos meus olhos. não há fuga que me dê a ilusão de o resgatar. só o colo terno amansa a fadiga e retempera os olhos, que brilham de novo quando olham com amor


*