Nesta rua tão lisboeta,
uma escola de um lado
e, do outro, uma velhinha atrás da janela fechada.
As crianças saem, mascaradas.
Toda a menina é princesa
e os meninos são o que lhes apetecer.
A senhora está só e olha-os.
Não sei se os vê.
A sua cara tem muitos vincos marcados,
talvez tantos quantos os filhos
netos
paixões
todos eles longe, e ela sozinha.
Entre a senhora e as crianças,
a estrada de Benfica
e as numerosas pessoas que aguardam
na paragem do autocarro.
E ninguém se vê,
as crianças correm e brincam sozinhas,
os adultos olham o chão sozinhos.
Só a senhora os observa.