domingo, junho 02, 2013

O céu acinzentou

dentro dos seus olhos.

Mas todos deveríamos saber
que aquele homem envelhecido,
de pronunciada ruga na testa,
quando era bebé
adormecia com festas entre os olhos.

Ele está curvado,
as costas cederam ao cansaço,
as mesmas costas que suportaram
o salto ao cavalo quando era miúdo.

As mãos tremem-lhe,
espalham açúcar fora do café.
São as mesmas que exploraram
o infinito corpo feminino na juventude.

Os braços fraquejam,
já não têm potência,
mas houve um dia em que os braços choraram:
quando pegou no filho pela primeira vez.



08-05-2013, Lisboa

3 comentários:

Anônimo disse...

fascina-me nos homens e mulheres "envelhecidos" a serenidade do olhar, a beleza da não pressa, a sapiência nada vaidosa.
Só precisamos de dar tempo, e dão-nos grandes lições nada pretenciosas.

bj
mãe

Anônimo disse...

Desta estou livre não adoço o café.

rebelonya disse...

Os meus pais e avós estão longe de serem velhinhos! São é enormes!